Mary Thomas”, a primeira estátua pública de uma mulher negra, na Dinamarca



“É preciso uma estátua como esta para tornar o esquecimento menos fácil. É preciso um monumento como este para lutar contra o silêncio, a negligência, a repressão e o ódio”.




De frente para a estátua, vê-se a cabeça que está envolta de um turbante, sentada e descalça com um olhar forte. A cadeira é majestosa e alta, numa das mãos, Queen Mary segura uma tocha e na outra uma foice (ferramenta usada para cortar cana).
Num comunicado, La Vaughn Belle, que é uma das principais forças por trás da estátua, afirmou que “este projeto é um desafio à memória coletiva da Dinamarca. Noventa e oito por cento das estátuas na Dinamarca representam homens brancos”.



Não é fácil encontrar estátuas que representem África ou que representem negros que fizeram algo para tentar mudar o mundo, ou, pelo menos, a sociedade onde estavam inseridos.
Mas essa realidade, aos poucos, tem vindo a mudar. Na Copenhaga, Dinamarca, duas artistas, Jeannette Ehlers (à esquerda) e La Vaughn Belle (à direita), juntaram-se homenagear o legado de Mary Thomas, conhecida como “Queen Mary”.
Mary Thomas era conhecida como uma das “três rainhas” que desencadearam uma revolta em 1878, nos EUA, chamada “Fireburn”. Cinquenta plantações e a maior parte da cidade de Frederiksted em St. Croix, atualmente território nas Ilhas Virgens dos EUA, foram queimados, no que foi chamado de a maior revolta de trabalhadores da história colonial dinamarquesa.
E ainda acrescentou que “nunca antes uma escultura como esta foi erguida em solo dinamarquês. Agora, a Dinamarca oferece uma escultura que aborda o passado, que  também é uma obra de arte para o futuro”.
Segundo estudos e historiadores, a Dinamarca ao longo dos séculos, não fez uma avaliação nacional sobre os milhares de africanos forçados a entrar em navios dinamarqueses para trabalhar nas plantações das suas colónias no Caribe. O professor Brimnes afirma que isso tem a ver com o fato da Dinamarca passar uma narrativa “não fomos tão maus quantos os outros”. Mas o professor não se deixa contagiar por essa forma de contar os factos. “Nós éramos tão maus quanto os outros. Não consigo identificar um colonialismo dinamarquês humano e particular”.

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