A saúde e o adoecimento psíquico da população negra


Sobre acesso da população negra a serviços de saúde mental, a Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2013 pelo IBGE, revela que em relação à idade do primeiro diagnostico para depressão as mulheres pretas tem sido diagnosticada mais tardiamente quando comparada as mulheres brancas e pardas (Figura). A fortaleza do corpo negro desumaniza todas as pessoas, sempre quando ouvimos que somos guerreiras, somos fortes e resistentes na luta, estão nos dizendo que não podemos chorar e nem adoecer e muito menos recuar para não sofrer, “engula o choro” quem de nós não ouviu isso? e siga. Daiane engoliu o choro, mas a alma não suportou a dor. Acredito que o suicídio é a dor visceral da alma. 

Baseado no artigo:
http://aquilombandodfe.blogspot.com/2016/09/quem-viu-daiane-chorar-racismo-e-o.html

“Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida” quando li esta frase pensei sobre a dor, este sintoma que é tão complexo de ser medido, avaliado e tratado, e como se imagina que os negros toleram mais as dores físicas e por isso não precisam de analgesia (medicamento para dor), neste sentido é impossível conceber a dor da alma de uma pessoa negra, pois disseram também que negras/os não tem alma. (DOR – Experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. – SBED). 

Torna-se negra é saber que todo dia vamos levantar e lutar contra o racismo e que ele sofre mutações mas não cessa, é saber que vão nos colocar em situação limite todos os dias e que esta dor pode chegar a qualquer momento. 

Segundo Neusa Santos em seu livro Torna-se Negro “Saber-se negra é uma experiência de ter sido violada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida a exigências e compelidas a expectativas alienadas, mas é principalmente a experiência do compromisso do resgate da história e a recriação de suas potencialidades”. É tudo junto mesmo, a afirmação da identidade como um lugar de alimento e o reconhecimento do racismo como a barreira para o alcance da dignidade da pessoa humana. 

No título falo de Daiane, e quem foi Daiane? Jovem negra de 23 anos que estudava Engenharia na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, ela cometeu suicídio no dia 14 de maio em sua residência, para os colegas o racismo violento vivido nas Universidades tem causado adoecimentos e tentativas de suicídios como foi o caso de Daiane. 


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