Paquistão confirma que 8 dos homens que atacaram Malala foram soltos



A polícia paquistanesa confirmou que oito dos dez acusados da tentativa de assassinato da estudante Malala Yousafzai foram liberados. A soltura secreta havia sido revelada nesta sexta-feira pela imprensa britânica. Em abril, um tribunal do Paquistão condenou dez militantes do Talibã a penas de prisão de 25 anos por envolvimento no atentado a tiros contra a ativista, em 2012, enquanto ela lutava pelo direito de meninas de frequentar escolas. No entanto, apenas dois dos homens julgados foram sentenciados.Malala, que na época tinha um blog no qual defendia o acesso de meninas à educação, se tornou um símbolo de desafio ao radicalismo e ganhou o prêmio Nobel da Paz de 2014.
— A única razão para a libertação foi a falta de provas — disse Salim Khan, alto funcionário da polícia.
O segredo em torno do julgamento, que foi realizado a portas fechadas, levantou suspeitas sobre a sua validade. A sentença judicial — vista pela primeira vez nesta sexta-feira mais de um mês após o julgamento — afirma que os dois homens condenados foram os que atiraram em Malala. Inicialmente, acreditava-se que os dois atiradores e o homem que ordenou o ataque tinham fugido para o Afeganistão.
Muneer Ahmed, porta-voz de uma alta comissão paquistanesa em Londres, alegou que a sentença judicial original havia condenado apenas dois homens, atribuindo a confusão a declarações incorretas. Saleem Marwat, chefe de polícia do distrito de Swat, no Paquistão, onde ocorreu o atentado contra Malala, confirmou em separado que apenas dois homens haviam sido condenados.
À época, Sayed Naeem, um promotor público em Swat, disse após o julgamento que dez militantes tinham recebido a pena de 25 anos de prisão. Outro promotor, Naeem Khan, afirmou que os dez haviam confessado ter ajudado no plano. A defesa entrou com um recurso que foi julgado no dia 18 de maio, mas desde o dia 30 os réus já estavam em liberdade.
Os relatos de absolvição surgiram após o jornal "Daily Mirror", com sede em Londres, tentar localizar os dez homens nas prisões do Paquistão. O caso deve despertar mais críticas sobre o sistema judiciário paquistanês, sobre os julgamentos secretos e mesmo o empenho do governo em punir o Talibã.
Várias pessoas, incluindo o líder do Talibã paquistanês Fazlullah, são procurados em conexão com o ataque. Acredita-se que Fazlullah, um pregador ardente de Swat, possa estar escondido no Leste do Afeganistão.
RELEMBRE O ATAQUE
Militantes paquistaneses do Talibã reivindicaram a responsabilidade pelo ataque enquanto Malala viajava da escola para sua casa em Swat, noroeste da capital, Islamabad. Malala ficou gravemente ferida e levada de helicóptero para o Reino Unido para tratamento, onde vive agora. Dois outros estudantes ficaram feridos.
Desde que sobreviveu ao ataque talibã, ela virou um símbolo da luta contra o extremismo e a favor do direito à educação, ganhando o Nobel da Paz em 2014. Malala não pode retornar a sua terra natal por causa do Talibã, que ameaça matá-la e a sua família.
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